sexta-feira, 1 de maio de 2009

Die Dauerhaftigkeit 3


Die Dauerhaftigkeit


ReviewReviewReviewReviewReview"Confessions on a Dance Floor", 2005Nov 13, '05 9:51 PM
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Category:Music
Genre: Dance & DJ
Artist:2005
Parafraseando Romário, o "cara" lá em cima pensou nos genes que dariam forma a uma carcamanazinha americana de nome esquisito e falou: "this is it!"
Madonna retorna à parada depois de mais alguns anos de buscas e pirações (Cabala, livros infantis, etc) que poderiam indicar aos incautos que a Rainha da Música tornara-se irremediavelmente e apenas "mamãe". Que nada!
"Confessions on a Dance Floor", seu mais novo disco, ainda não oficialmente lançado mas já circulando alegremente pelo território livre da web, é a prova cabal de que ela pode deixar todo mundo e qualquer um fazer o seu próprio "disquinho": quando ela quiser (e ele quis!), fará melhor.
"Confessions" é seu melhor disco desde "Ray of Light", uma ode à alegria da dance music como há muito não se ouvia, o paralelo esfuziante da diva num ano já marcado pela ressurreição dos rapazes do Depeche Mode.
Prá fechar, participação de alguns dos melhores DJs e produtores do planeta, e letras espertíssimas, num disco que se ouve com prazer do início ao fim.
Destaques para "Hung Up", "I Love New York" e a pungente balada "kosher" "Isaac" (singela homenagem à falecida Ofra Haza, estrela maior da música israelita). Bravo!

"How much fortune can you make
It's funny, I spent my whole life wanting to be talked about
I did it, just about everything to see my name in lights
Was it all worth it
And how did I earn it
Nobody's perfect, I guess I deserve it"
(excerto de "How High")


ReviewReviewReview"Crash" (Paul Haggis, 2004)Nov 13, '05 2:36 AM
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Category:Movies
Genre: Drama
Apesar do elenco estelar e da condição de "cult movie" estabelecida nos |EUA e Canadá, "Crash" não tem nada demais. É apenas narrativa fragmentada, que mostra o quanto o cinema norte-americano anda carente de novas fórmulas de roteiro. Se não chega a ser ruim - apesar de cópia descarada dos roteiros de Robert Altman, vide especialmente o clássico "Short Cuts" - é por conta do elenco, magistralmente conduzido por Paul Haggis. É. Além de contar com a presença marcante de Don Cheadle (o novo negro-queridinho-da-América) e da esfuzinate Thandie Newton, Haggis ainda consegue o milagre de "arrancar" atuações convincentes de notórios canastrões como Sandra Bullock e Brendan Fraser. Matt Dillon dá um show à parte, contido e perfeito no papel do policial racista.
No geral apenas interessante. Está em cartaz nos cinemas do Rio de Janeiro, mas graças a Deus assisti em casa (como L.A., o Rio anda muito violento à noite. Quem assistir ao filme, saberá do que eu estou falando...)


ReviewReviewReviewReviewReview"Playing The Angel"Nov 8, '05 4:53 PM
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Category:Music
Genre: Other
Artist:Depeche Mode
Se você às vezes se pergunta porque ainda insiste em ouvir música produzida por grupos pop/rock com mais de 20 anos de estrada, este disco pode mostrar que você tem razão em insistir.

Muito se fala contra a "indústria do disco", mas se há algo que temos que admitir é que, para os vencedores, pelo menos no exterior, ela é uma mãe zelosa de suas crias - mantendo longos contratos, vendendo"collector's items", tirando água de pedra numa época em que o DVD e os produtos promocionais seguram a onda do declínio na venda de CDs ocasionado pelas redes P2P. É isto que explica, ao lado do talento inegável, a longevidade de bandas como Depeche Mode, Pet Shop Boys e New Order (na banda "dance", o q quer q isso queira ainda dizer) ou U2 e Red Hot Chilli Peppers (na banda rock'n'roll). É o interesse (e a aposta) na qualidade do artista que permite(m) a uma banda que passou a década de 90 toda (e parte deste novo milênio) tateando no escuro e buscando novas referências (a música americana, especialmente a negra, em "Songs of Faith and Devotion, 1994/5; a música eletrônica experimental em "Exciter, 2001) produzir sua nova obra-prima.

"Playing The Angel" é o primeiro disco do DM desde 2001, uma paulada que se estabelece logo no primeiro instante de audição, com as sirenes que abrem "A Pain That I'm Used To", a primeira faixa (e novo single na Europa). É o DM visceral, eletrônico e roqueiro, melancólico e "industrial" ao mesmo tempo, que nós fãs aprendemos a amar em álbuns definitivos como "Black Celebration" e "Music for the Masses". Está tudo lá, dos vocais melodiosos e amargurados de David Gahan à obliquidade das intervenções sonoras de Martin Gore (ruídos mecânicos, "plops" e "Plofts" e "pins" que ainda conseguem fazer cabeças, principalmente as espremidas entre dois headphones), das batidas faceis do tecnopop à muralha de guitarras que invadiu o som do DM depois de "Personal Jesus" (do LP "Violator", 1990, outro clássico), o lirismo das letras e dos vocais dobrados de Gore e Gahan alternado com momentos de uma agressividade vocal quase religiosa (nos "êxtases" oportunos e roqueiros de Ganhan). Sem contar na sacada genial de colocar a maioria dos teclados tão saturados que literalmente "explodem" no seu ouvido, criando um efeito de distorção que remete ao bom e velho rock em quase todas as faixas.

É a volta do "tecnopop industrial" em grande estilo, num disco que cresce a cada audição, um novo clássico de uma velha banda que soube (não) envelhecer.

MELHOR MÚSICA:
"The Sinner In Me", disparado. Teclados "distorcidos" que tomam conta do ambiente, explodindo num riff de guitarra pungente, ladeado de "loops" a Kraftwerk sobre um groove hipnotizante + os vocais amargurados de Gahan. Nota dez!!!

MELHORES MÚSICAS:
As cinco primeiras e mais , digamos, ágeis ("A Pain That I'm Used To" , "John The Revelator", "Suffer Well", "The Sinner In Me", "Precious").
Da segunda parte, mais lenta e emocional, "Macro", "Lilian" e "The Darkest Star". Mas o CD é todo (incrivelmente) bom.

VÍDEO:
"Precious", que já rola na web.


ReviewReviewReviewReviewReviewUma História Íntima da Humanidade Nov 1, '05 1:08 AM
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Category:Books
Genre: Nonfiction
Author:Theodore Zeldin
O autor inglês, considerado um dos maiores pensadores vivos da humanidade, parte de entrevistas individuais com inúmeras mulheres, de várias nacionalidades, todas residentes na França, para traçar um painel da "História que esqueceram de nos contar" - algo como uma mistura de alta filosofia baseada em fatos históricos com livrinho de auto-ajuda, com um resultado não menos que espetacular. Um livro sobre a "Arte de Viver" que busca soluções na história de personagens marcantes e decisivos da caminhada humana para os problemas cotidianos de cada um de nós. Mais reflexivo e filosófico que a belíssima série quase homônima publicada há alguns anos no Brasil, esta escrita por múltiplos autores ( "História da Vida Privada", em quatro volumes), o livro é uma aquisição imprescindível para todos aqueles que consideram trocar idéias e experiências com o maior número possível de pessoas uma bela forma de crescimento intelectual.
Pena que o meu foi roubado no dia em que terminei de ler... Mas tudo bem: livros não são coisas, são pensamento em movimento. Que as idéias contidas em suas mais de 500 páginas possam continuar seu caminho iluminando novas mentes.
Como poucas vezes perdi um livro, acho até irônico e poético que tenha sido justamente este.
Leia um trecho em:
A esperança é a origem da humanidade



Category:Movies
Genre: Foreign
Verdadeiro poema épico, onde o visual sempre arrebatador do maior cineasta chinês da atualidade (que me perdoem os fãs de Ang Lee) reafirma e transcende o lirismo que permeia sua obra, com imagens belíssimas tantos nas cenas internas quanto nas paisagens deslumbrantes, tanto nas cenas de amor, dança e folclore (como na inesquecível seqüência dupla de "Jogos do Eco") quanto nas mais sangrentas, coreografadas e inverossímeis lutas corpo-a-corpo, sem perder jamais de vista o fio da narrativa e o foco primordial nos personagens.
Destaque absoluto num filme repleto de detalhes - para ver, comprar, rever e guardar na memória - é a atuação da estonteante Andy Lau.
E nós ocidentais que tão vergonhosa e ignorantemente achamos que a cultura começou na Grécia e em Roma...


ReviewReviewReviewReviewReview"Autopsy" - House MD Season 2 episode 02Sep 26, '05 12:10 AM
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Category:Other
"House" é um vício. E escrever sobre House, vício ainda maior.
Quando eu penso que já chega, vamos deixar para fazer uma grande resenha no final da nova temporada que ora se inicia; David Shore nos brinda com mais um motivo para crer que as séries televisivas jamais serão as mesmas depois da impressionante série sobre a "freak medicine" de Gregory House e seus pupilos.
"Autopsy" é House "pushing the limits once again" , com uma seringa alucinógena em uma das mãos e o golpe mais certeiro a ser aplicado numa história médica na outra: a menininha com câncer.
Terminei de assistir lavado em lágrimas, numa homenagem involuntária a cada uma dessas bravas crianças, amadurecidas precocemente e certamente especiais, que a doença devasta e que se perfilaram, uma a uma representadas pela carequinha de Andy, a protagonista da história.
House mexe com o perigo, mexe com as emoções de nós médicos de uma forma cruel e violenta, mas transforma o amargo em doce ao nos darmos conta de que é mesmo o médico - pelo menos o médico minimamente capacitado e dedicado - o bravo e a vítima simultâneos, a percorrer este longo caminho que escolhemos, capaz de levar-nos tão somente a dois destinos: a loucura ou a indiferença. House abraça a segunda, mas vive a primeira, sua doce alma blindada em busca de algo que julga que lhe foi tomado pela profissão e pela vida. Lentamente, porém, David Shore começa a mostrar-nos o longo caminho de volta, onde Dr. House já entrevê que somente ela, a Medicina, pode ser capaz de lhe devolver o que é seu e de todo ser humano: a vontade de viver.

ReviewReviewReviewReviewReviewNumb3rsSep 25, '05 2:21 AM
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Category:Movies
Genre: Mystery & Suspense
Dois irmãos: um, agente do FBI, mais velho e bem resolvido; o outro, superdotado, gênio da matemática, professor universitário, nerd total e freak ocasional. Quando se reaproximam e o mais novo passa a acompanhar e auxiliar os "Feds" na caça a criminosos e outras ações espetaculares usando para isso todo o seu conhecimento matemático e estatístico, o que se tem é uma das mais inteligentes, originais e viciantes séries da TV atual. Não perca!
Produzido por Ridley & Tony Scott


ReviewReviewReviewReviewReviewThe Magic Numbers (2004)Sep 25, '05 2:04 AM
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Category:Music
Genre: Alternative Rock
Artist:The Magic Numbers
A banda que vem encantando os ingleses com sua mistura bem dosada de folk rock, Smiths/Cohen/Dylan e vocais teatrais, que traz uma linguagem quase operística à música pop (sim, apesar das influências, eles fazem música pop, poderia tocar em rádios alternativas - se as houvesse por aqui), enfeitiçou-me sobremaneira logo na primeira audição.
Formado por dois irmãos nascidos em Trinidad, criados em NY e radicados em London (Romeo, voz e violão, Michelle, baixo e vocais), mais tarde associados a outra dupla de irmãos ingleses (Sean, bateria; e Angela, percussão, gaita e vocais), "The Magic Numbers" estréia em disco com a qualidade e a profundidade de veteranos, com 13 músicas que são verdadeiros petardos sonoros. Comecei ouvindo displicentemente no mp3 player (da Dell, tá? iPOD é para principiantes...rsss) e já no final da primeira faixa voltei e tive que escutar de novo. São tantas as surpresas e reviravoltas sonoras, tantos os detalhes, que ouso dizer que há muito, muito tempo não escuto algo assim.
Compre já!


ReviewReviewReviewReviewReviewDreaming Wide AwakeSep 24, '05 1:08 AM
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Category:Music
Genre: Miscellaneous
Artist:Lizz Wright
Clássicos nada óbvios do cancioneiro americano lado a lado com... futuros clássicos do cancioneiro americano.
Alinhavando a mistura: a voz grave e classuda da nova musa da música americana, Lizz Wright, arrebentando em seu segundo disco.
Comece experimentando "A Taste of Honey", a primeira do disco, e garanto que vc se surpreenderá.


ReviewReviewReviewReviewReview"Acceptance", House MD Season 2 Episode 01Sep 23, '05 12:44 AM
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Category:Movies
Genre: Other
PROMETO NÃO CONTAR NADA! Esta é só para deixar os fãs brasileiros (se desplugados) com água na boca...

"Acceptance" é o primeiro capítulo da segunda temporada de "House MD", a premiada série que vem subvertendo noções filosóficas sobre vida, morte e medicina pela Fox americana. Nele o roteirista David Shore mostra mais uma vez que não acredita no mote de seu personagem principal: "everybody lies".

Lado a lado com os dramas humanos está a fina ironia de Greg House, o humanismo doce da Dra. Cameron, a insegurança do boa-praça ex-ladrão-de-carros (Dr. Foreman), a vivência do oncologista (interpretado com "punch" por Robert Sean Leonard) ilustrando os mais jovens, e surpreendentemente um Dr. Chase (o "australiano traidor" da primeira temporada) quase calado. Mas o fato é que o episódio transborda VERDADE, apesar do protagonista mais uma vez empurrar os limites da ética e da responsabilidade além dos limites convencionais; e deixa na boca mais uma vez um gostinho de "quero mais" ao nos emocionar com a resolução clara, simples e profundamente honesta não só dos casos clínicos como dos conflitos pessoais.

Eu disse que não iria contar nada lá no topo do texto? Well, todo mundo mente...

"When a good person dies, there should be an impact on the world. Somebody should notice. Somebody should be upset."
"Quando uma boa pessoa morre, isso deveria causar um impacto no mundo. Alguém deveria notar. Alguém deveria ficar chateado."
(Dra. Allison Cameron, a.k.a. David Shore, roteirista).

Na verdade acho que só coloquei este review para ter um motivo de postar estas belas e necessárias palavras.


ReviewReviewReviewReviewReview"Mar Adentro", Alejandro Amenabar, 2004Sep 17, '05 1:04 AM
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Category:Movies
Genre: Drama
Gostaria de poder clicar em DEZ estrelas para o belíssimo, profundo e tocante filme espanhol que levou o último Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (além de inúmeros outros prêmios), belíssima viagem ao sabor de nossas marés interiores; multifacetado, conciso e enxuto, denso e irônico, hilário e doloroso a um só tempo, lento como só os europeus sabem fazer cinema, dramático e leve como só a alma latina consegue conciliar.
Uma "conquista artística" que consegue ir muito além de um filme sobre a eutanásia ou o suicídio. tão obrigatório que não pude deixar de hiperadjetivá-lo. Merece. Nota 1000.


ReviewReviewReviewinterMission (John Crowley, 2003)Sep 16, '05 2:18 AM
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Category:Movies
Genre: Cult
"Life is what happens in between", says the tagline of the film at IMDb...
Vida real é o que transborda deste filme de estréia do irlandês John Crowley, no qual se respira o mesmo perfume esquisito e fascinante dos primeiros longas de seu mentor e parceiro Danny Boyle.
Vale uma olhada, ao menos por trocar-se o sotaque americano pelo "irish accent", "focker"!


Category:Books
Genre: Comics & Graphic Novels
Author:Neil Gaiman
Depois da saga de SANDMAN, Neil Gaiman passou a dedicar-se ora a romances, ora a narrativas curtas em quadrinhos. Para muitos, continuou a ser um mito. Para outros, nem bem era um romancista, nem era mais o mesmo roteirista de quadrinhos.
Em 2002, Mr. Gaiman brindou-nos com "Noites Sem Fim", luxuoso álbum em que retomava o tema dos Perpétuos. Um livro belíssimo, super-produzido, com algumas histórias maravilhosas (minha preferida é a que une Delírio e Destruição), outras nem tanto.
Agora parece que o cara retomou o prumo. "Criaturas da Noite" é como um soco no estômago desferido por uma musa. As ilustrações de Michael Zulli, as citações da edição original somadas a citações muitíssimo bem sacadas da caprichada edição nacional (Ediouro HQ), o lirismo e o terror bem mediados pela magia imprescindível - está tudo lá.
Corra até à banca mais próxima e compre já.
(em breve voltaremos a falar de Mr. Sandman, digo, Mr. Gaiman).


ReviewReviewReviewReviewReviewNando Reis MTV Ao VivoSep 5, '05 4:44 PM
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Category:Music
Genre: Rock
Artist:Nando Reis
O show já passou pelo Rio no fds, então resta indicar o CD e o DVD...
Mas que show!!!
Nando Reis era aquele carinha meio feio e apagado que ninguém prestava muita atenção na época do "estouro" dos Titãs... Também pudera, com Arnaldo Antunes, Paulo Miklos e outras feras no palco, sobrava pouco espaço para o rapaz... Quem diria que, décadas depois, com o esfacelamento do grupo (que se tornou esta coisa melosa pós-acústica, verdadeiros "titãs do iê-iê-iê" mesmo, como no início de carreira), com toda a verve e inteligência do Arnaldo, o verdadeiro e único popstar oriundo do grupo seria... Nando Reis.
Comecei a prestar mais atenção no cara depois daquele segundo disco da Marisa Monte onde ele compôs as melhores faixas. Mais tarde, com músicas excelentes gravadas por Deus e todo mundo, com a parceria com a Cássia Eller, já ficava evidente seu talento ímpar e sua lírica muitíssimo pessoal.
Em seu último CD/DVD/show, "Nando Reis e Os Infernais - Ao Vivo MTV" o cara tá no auge da criatividade e expressão. Velhas e novas músicas se misturam em arranjos perfeitos, levados por uma banda "na ponta dos cascos" que entende e expande a proposta pop-rock-emepebística de Nando, um cara que aparentemente ama o que faz, e o faz por puro tesão.
No show de ontem no Canecão, depois de quase duas horas de rock, baladas e muuuitos sucessos, um final doce e delicado fechou a tampa com as pérolas de seu repertório: "Por onde andei", "All Star", "Relicário" e a subestimada "Cegos do Castelo".
Fechou a tampa? nada. Voltando para o bis cheio de gás, Nando abriu um discurso de que iria tocar umas coisas esquisitas, que muita gente acha que não têm nada a ver com ele, mas que o deixam imensamente feliz quando está no carro e ouve no rádio. Na seqüência "Você é luz" (com direito a participação do rei da calcinha Wando"), "My pledge of love" (Joe Jeffrey Group), "Vênus" (mais conhecida pela versão baba-disco do Bananarama), "Whisky a Go-Go" (Roupa Nova, numa versão rockabilly para roqueiro nenhum botar defeito numa música tida como "brega") e "Do Seu Lado", de sua lavra, mas mais conhecida pela versão insuportável de uma bandinha insuportável chamada J. Quest (a César o q é de César).
Feito o baile, só nos restou ir para casa sem nem ligar o som do carro, com os ecos de melodias ainda reverberando no sistema límbico. Nota DEZ!


ReviewReviewReviewReviewReviewLive at Earl's CourtAug 28, '05 2:53 AM
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Category:Music
Genre: Alternative Rock
Artist:Morrissey
Há tempos venho querendo escrever sobre o Mozz...
Verdadeiro "Renato Russo made in UK", se na verdade Morrissey nunca "saiu de cena", o fato é que por uns bons dez anos seus discos pouco falaram à alma de seus antigos fãs.
O último a valer a pena ("Vauxhall and I", 1994) passou despercebido aqui no Brasil, apesar da forcinha daquele canal de TV que outrora se dizia "de música", que no tempo em que passava videoclipes tocou "The more you ignore me, the closer I get". E olha que o disco era ótimo, melodioso, melancólico e alegre a um só tempo como só o bardo perturbado conseguia ser; vendeu milhões no mundo todo e trouxe a fama e a idolatria de uma nova geração de americanos para perto do rapaz mais uma vez.
Então ano passado houve a ressurreição com "You Are The Quarry", um dos melhores discos do ano e com certeza seu melhor disco solo. Músicas fortes e emocionadas, com letras onde política ("America Is Not The World", "Irish Blood, English Heart"), catolicismo e desejo sublimados ("I Have Forgiven Jesus") e delicadezas como "Come Back To Camden" se uniam ao petardo inesquecível que atende pelo nome de "The First Of the Gang To Die", a prova cabal de que Morrissey deixara de ser "o cara que escrevia os melhores títulos de canções no mundo e depois esquecia de escrevê-las" para voltar a ser o artista doce e incisivo que um dia fôra, antenado com o mundo, falando das ruas e da sociedade com conhecimento e propriedade.
O mundo não poderia esperar mais, certo? Poucas carreiras ressuscitam assim, uma fração ainda menos delas perdura.
Já em 2005, depois dos shows insquecíveis em Glastonbury, com a banda azeitadíssima que inclui Vinny Reilly (The Durutti Column) e outras feras, Mozz nos brinda com este excelente LIVE AT EARL'S COURT, um disco que cresce a cada (infinita) repetição. Um vozeirão insuspeitado se expande ao vivo em versões rascantes e indispensáveis de clássicos dos Smiths ("How Soon Is Now", "Big Mouth Strikes Again" e "There Is A Light That Never Goes Out"), cria novos climas para canções menos chamativas anteriormente como "I Like You", "Let Me Kiss You" e "The World Is Full Of Crashing Bores" e, finalmente, recolore clássicos anteriores em versões definitivas para "Irish Blood, English Heart", "I Have Forgiven Jesus", "The more you ignore me, the closer I get" e "The First Of the Gang To Die".
Um disco maduro, feito para a eternidade de quem pode brincar, no intervalo entre as músicas, dizendo coisas como "I don't know if it is mutual, but I have forgiven Jesus", "The past is a strange thing" ou "The world is full of crashing bores..."
BRAVO!

Morrissey



Category:Books
Genre: Literature & Fiction
Author:Helena Sut
"Sonhos e Cicatrizes" venceu o sono e o cansaço como uma viagem sem volta, madrugada adentro, preenchendo-me com as ambigüidades interessantíssimas em q Helena mistura escritor/personagem, realidade/literatura, menino/menina (a "sacada" do livro, a meu ver, é a abordagem sensível e realista com que a autora aborda a freudiana e tão facilmente caricata - exceto em sua história - "perda do falo": surpreendente), Cachinhos de Ouro/"mulher adulta procura", o Eu e o Outro.
Seus escritos são impressos com o sangue de uma vida plenamente vivida, em que pese o vazio e a angústia sempre aflorando ao consciente, à auto-auto-insinuada inabilidade (inabilidade?) de traduzir em palavras os sentimentos; palavras que contrariam os sentimentos, palavras que os estragam, deturpam, transformando-os em algo que já não mais é seu. E não são mesmo, essas palavras que saem da boca e da alma já eram, só não morrem por redivivas no intelecto de outrem, benção e maldição da escrita poderosa desta carioca radicada em Curitiba, que com sua prosa límpida e incisiva demonstra estilo, conteúdo e inteligência argutos.


ReviewReviewReviewReviewThe Aviator (Scorsese, 2004)Aug 17, '05 1:04 PM
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Category:Movies
Genre: Drama
Minha estrelas variaram do zero - pelo tom caricato e quase surreal com que os cenários, os figurinos e as atuações pontuam o início do filme, ambientado nos "loucos anos 20" - às cinco estrelas máximas pela soberba atuação de DiCaprio quando a loucura finalmente se instala, após um passo-a-passo de desagregação psíquica édicamente perfeito em suas manifestações.
No meio, muitas acrobacias e pirotecnias que, se não empolgam, são um retrato possível deste personagem multifacetado e impossível de se abranger em pouco mais de duas horas e meia na tela, que foi o milionário Howard Hughes.
No final, um verdadeiro tratado de "economia e negócios", ou de "política neoliberal conservadora", como queiram, altamente inspirador neste período de caça às bruxas na América e CPIs no Brasil. Além da (justa) homenagem às cenas do depoimento de Michael Corleone em "The Godfather II" (1974) - explícitas no ambiente, no pathos e no jogo de câmeras ao longo do (breve) renascimento do gênio de Hughes ao demolir a Comissão de Inquérito manufaturada contra si pelo governo norte-americano e o lobby da empresa aérea concorrente.
Falta emoção, várias pontas são deixadas soltas, o final nos poupa da decadência física e mental do protagonista (que lhe valeu mais fama póstuma que os feitos da juventude)... mas é um Scorsese, sempre alguns pontos acima da média. Vale a pena conferir.


ReviewReviewReviewReviewReviewMelinda and Melinda (Woody Allen, 2004)Aug 13, '05 12:44 AM
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Category:Movies
Genre: Cult
Freqüentemente me questiono a respeito das razões que levam tantos a venerar Woody Allen, quanto outros a detestá-lo. Sou suspeito para falar, pois me situo no primeiro time, mas vou fazê-lo, faz-se a hora. Principalmente quando sua Arte alcança novamente o máximo da precisão estética e o virtuosismo da concisão como em seu último filme, "Melinda and Melinda".
Há vinte ou trinta anos atrás poderíamos dizer que seus filmes eram "polaróides" da vida real nova-iorquina; que ao falar de si mesmo, de suas neuroses e angústias, alocado na condição de "diretor, escritor, judeu, nova-iorquino (again), neurótico e multitalentoso", Allen - o irônico - era a síntese magistral de uma época e de um lugar.
Ao longo destes mesmos vinte ou trinta anos, mudaram as metáforas, mudou a vida, mudou New York e com ela seu mais perfeito tradutor, que ao tatear brilhantemente ao longo de "filmes menores" (para a crítica de modo geral), vem encontrando novos caminhos insuspeitados, vieses subreptícios que explodem todos em seus dois últimos trabalhos ("Like Anything Else" e seu sucessor, o filme sobre as "Melindas"). Se seus filmes da década de noventa eram "menores", talvez o fossem somente no sentido de explicitar a auto-paródia, de elevar os maneirismos à enésima potência, de refinar o estilo - que agora chega pronto e perfeito de novo, ainda melhor - e poético - que em seus "clássicos" setentistas: porque abrangem o mundo, a totalidade da vida.
Allen é o cineasta do possível, o homem que ousa escrever sobre o que somos e o que gostaríamos de ser, sobre o que pensamos e o que não nos permitimos dizer, sobre o hiato que distingue a intenção e o gesto. E tudo isso cada vez melhor embalado por um apuro estético formidável, que vai dos letreiros tão fora-de-moda e charmosos a um só tempo, que abrem todos os seus filmes ao som do melhor jazz que se pode escolher, das locações charmosérrimas - que talvez ele encontre na esquina de casa, nos restaurantes e bares e lojinhas escondidas que freqüenta em Manhattan; da visão agridoce com que olha, empática e carinhosamente, para seus personagens, à ironia inda presente porém refinada com que suas histórias agora terminam abruptamente, como uma conversa, como tudo na vida.
"Humano, demasiado humano", diria Nietzsche em outro contexto.
Bem, se vc não gosta de Woody Allen: vc ñ sabe o q está perdendo.Olhe pelo buraco da fechadura, ouça atrás da porta: talvez vc encontre a si mesmo em algum lugar por ali.


Category:Movies
Genre: Cult
Frank Miller é um revolucionário.
Quentin Tarantino é um revolucionário.
Robert Rodriguez é um revolucionário. "Not at all", alguém pode dizer, apesar de seu "Il Mariacchi" ter feito sucesso mundial ao custo (unbelievalble) de US$ 7000.
"SIN CITY" é revolucionário. E o mais revolucionário de tudo é a manutenção do formato, a fidelidade ao roteiro, a manutenção da integridade de um criador ao longo da transposição de um veículo para outro.
Pois "Sin City" é Frank Miller, este "unusual american" q um dia resolveu dar um passo adiante dos roteiros (já) fantásticos q produzia para a DC publicar em quadrinhos adolescentes como "Daredevil" e "Batman" e saiu-se com "Cavaleiro das Trevas", a primeira graphic novel (Will Eisner não conta, já era cult) a chegar ao grande público. Uns anos depois veio "Sin City", hermética demais, sombria demais, diferente demais de tudo q já se havia produzido em termos de quadrinhos. Ainda + tarde ele sacou "300 de Esparta", um libelo à guerra (sim, nem contra muito menos a favor) e ao Homem, baseado na mitologia e história gregas. O cara não é demais?
"Sin City", o filme, é pois, Miller quadro a quadro, cena a cena, radicalizando a proposta de "Batman Begins" (outro blockbuster baseado no autor) e levando-nos a experimentar um novo tipo de cinema, mezzo noir mezzo animação (sem nunca fazer questão de nos lembrar disto), mezzo "Pulp Fiction" (que supera largamente) mezzo "From Dusk Till Dawn / Um Drinque no Inferno" (q cairá no esquecimento depois desta obra-prima).
E o melhor de tudo é q "SIN CITY" é cinema, mesmo, nada daquela papagaiada "cult" em torno da estilização da violência, de "novas maneiras de filmar" ou "avanços técnicos insuperáveis" q acompanham tantos lançamentos atuais. É ci-ne-ma, puro e simples (eu não disse fácil de realizar, eu disse simples), ou seja: um excelente plot, excelentes atores (contando com a ressurreição sempre esperada dos zumbis q Tarantino costuma trazer à vida em seus projetos, no caso dois excelente atores - pelo menos: Mickey Rourke e Rutger Hauer), inesquecíveis planos-seqüência, diálogos ferinos, mordazes e até poéticos.
Logo no início do filme um destes o define:
"What do you see in my eyes? / O q vc vê em meu olhar?"
"A crazy call. / Um louco chamado."
Atenda. Assista. Já.


Category:Movies
Genre: Cult
Os episódios um e dois de "Grave Danger", grand finale da quinta temporada de CSI - Crime Scene Investigation foram co-roteirizados e dirigidos, à convite, por Quenytin Tarantino e correspondem, no mínimo, a um dos pontos altos da carreira do diretor.
Há muito venho prestando mais atenção nos outrora chamados "enlatados" da indústria televisiva norte-americana, em especial as séries investigativas, policiais e de suspense; e tenho percebido o quanto este tipo de produção tem se especializado e aperfeiçoado. Algumas delas são atuamente roteirizadas, dirigidas e produzidas por grandes estrelas da literatura e do showbiz americano, ocasionando a formação de um nicho de mercado deveras interessante para o desenvolvimento criativo cinematográfico como há muito Hollywood deixou de representar. Tanto que, na esteira de todo o sucesso que a alta qualidade dos programas apresenta, contratos a peso de ouro são negociados a todo tempo, valorizando o "passe" de inúmeros profissionais.
E por que isto acontece?
Acredito que por vários motivos. O principal deles seria a ultrasegmentação do mercado (basta ver quantas séries sobre o meio médico apareceram depois do seminal "ER"), que possibilita aos criadores atingirem os mais variados públicos, sem se preocupar com o "gosto" do "americano médio", tão visado pelo cinemão com suas infindáveis revisões de roteiro, censuras politicamente corretas e previews para donas-de-casa e idosos conservadores. Além disso, a profissionalização crescente da carreira de roteirista de tv no país, com a formação de jovens competentes que dominam habilmente os jargões e a dinâmica do veículo, também pode ser creditada. Atualmente são os roteiristas de tv, e não de cinema, que trabalham nos EUA com os melhores salários e maior liberdade artística.
Não que não haja revezes. O número de séries que "não emplacam" supera em muito o número de sucessos. Mas a vulgarização dos "spin-offs" (séries originadas a partir de personagens de outras séries) mostra que é justamente esta variedade e espírito de experimentação que tem trazido tamanha qualidade.
Eu poderia citar vários exemplos, do também seminal "Law & Order" e seus derivativos (SVU, Criminal Intent) ao megasucesso de "24", passando pelas recentes contribuições de Coppola ("Taken"), Spielberg ("Taken") e Mike Nichols ("Angels in America"), para mostrar o quanto, apesar de partindo de um formato aparentemente rígido (histórias "completas" em 40 minutos + comerciais, a vida pessoal dos personagens em segundo plano dando um colorido "real" à imensidade de crimes e mistérios, plots cheios de "turning points" por vezes manjados), os seriados tem sido o que de melhor a cultura norte-americana tem produzido nesta década, a ponto de começar a atrair autores, diretores a atores consagrados (de volta) à televisão.
Mas fiquemos com Tarantino. Seu "Grave Danger" é para a tv o que "O Cavaleiro das Trevas" foi para os quadrinhos: subverte sem adulterar, provê novas feições e descobertas a personagens já muito conhecidos, atende ao formato e é cinema de autor a um só tempo: prende a atenção do início ao fim com um mix perfeito "do que é" CSI e "do que é Tarantino", com diálogos espertíssimos que só nos fazem ansiar por mais crossovers do gênero.

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