sexta-feira, 1 de maio de 2009

Die Dauerhaftigkeit 4

ReviewReviewReviewReviewReviewRei Majestade - Sílvio SantosMay 11, '06 12:46 AM
for everyone
Category:Other
A pasmaceira na TV "aberta" brasileira é tão grande que raramente zapeio pelos twenty-something da NET...
Outro dia li sobre este programa novo que o imortal Sílvio Santos iria lançar e fiquei interessado. Tudo bem, a idéia não é exatamente nova, acho que o próprio (ou similar) já viera, anos atrás, com um quadro chamado "Onde Anda Você?", que nada mais era que uma revista eletrônica de fofocas. Mas a onda agora é outra.
Na contramão de "famas" e "ídolos" - herdeiros dos programas de calouros de antigamente com uma roupagem, hummm, digamos, mais "profissional" - o incansável SS traz de volta ídolos do passado, numa fórmula interessante em que, primeiro o músico dubla seu maior sucesso, para em seguida cantar ao vivo uma canção que não esteja em seu repertório.
Figuras raríssimas têm passado por lá, como Peri Ribeiro, Demônios da Garoa, Perla, Marcio Greyck e outros. O programa de hoje trouxe ares diferentes, com antigas estrelas que fogem ao brega, como o proto-funkeiro Paulo Diniz e a seminal LADY ZU (diva das discotecas brasileiras nos anos70).
Bastante interessante este passeio pelos campeões de vendagem de discos de décadas anteriores, boa parte deles desaparecidos da mídia e sem chances de voltar a um mercado fonográfico cada vez mais reduzido. Mostra da sensibilidade do verdadeiro grande homem da TV brasileira, que, com isso, talvez dê nova visibilidade a artistas do passado que ainda tenham gás para tocar (n)o barco.
Principalmente se lembrarmos do triste fim de Emilinha Borba, a maior cantora do rádio no Brasil, que terminou seus dias vendendo CDs independentes em praça pública, no Largo do Machado, Rio de Janeiro, em troca da subsistência .



ReviewReviewReviewReviewReview"Lições de Abismo"Apr 20, '06 1:48 AM
for everyone
Category:Books
Genre: Romance
Author:Gustavo Corção, 1950
Gustavo Corção (1896-1978) é um dos mais brilhantes e polêmicos pensadores brasileiros. É? Quem?

Bem, se você - como eu - pouco ou nada ouviu falar deste ensaísta, cronista e polemista, deve isso ao véu de silêncio que se impôs (com especial atenção à intencional falta de "sujeito" nesta afirmação) sobre sua vida e sua obra desde sua morte há quase trinta anos. É explicável: qual o lugar cabivel, nos dias de hoje, a um engenheiro de formação que se fez erudito, converteu-se tardiamente ao Catolicismo e fez de sua vida e de sua obra um permanente manifesto em defesa de uma fé racional e de base filosófica abrangente num país como o nosso, onde o pensamente dito "de esquerda" tem dominado nossas universidades e jornais desde o Golpe de 64? Como aceitar que um notório conservador e anti-comunista - e de quebra crítico lúcido porém ferrenho da Psicanálise Freudiana - possa ser comemorado como um de nossos maiores escritores?

Passei parte da vida ouvindo falar (mal) de Corção. Tinha-o na conta de ícone daquela mesma classe média cristã equivocada que não só acatou mas sustentou no poder os algozes militares. Um Nélson Rodrigues sem sacanagem, um "reaça" daqueles. Uma espécie de "pai" do Paulo Francis, porém religioso.

Por isso mesmo a surpresa de descobrir seus textos, hoje mais facilmente encontrados na web, sempre lúcidos e claros na defesa de suas idéias, exalando erudião em linguagem simples e direta.

"Lições de Abismo" (Agir Editora, 2004) é seu único romance. No livro, o mesmo amálgama de inúmeras referências - aparentemente incompatíveis - a Pascal, Freud, Voltaire, Marx e Jules Verne (para citar apenas uns poucos) tomando parte do mesmo anseio de se entender o mundo e o ser humano de uma perspectiva mais sólida (conhecimento) e fluida (filosofia).

Ao narrar os últimos dias de vida de um homem que parte ao encontro de si mesmo e de sua (inevitável) Morte, Corção realiza o que é, para mim, ao lado do "Grande Sertão" de Gimarães Rosa, o melhor romance brasileiro do século vinte.

Leia. Mesmo que, ao final, você discorde de algumas coisas ou fique matutando incoerências com suas próprias idéias ou crenças, é um livro absolutamente essencial.

O QUE PENSAM ALGUNS AUTORES BRASILEIROS SOBRE GUSTAVO CORÇÃO:

“Agora, ali, além disso, eu descobria que aquela idéia que eu tinha formado de Gustavo Corção, através de pessoas hostis a ele, era inteiramente falsa. Ele era um homem boníssimo, talvez impulsivo e arrebatado nos seus impulsos, mas de uma bondade que transparece à primeira aproximação, nos seus olhos pequenos, azuis, vivos, risonhos, inteligentes e que — por mais estranho que isso possa parecer a quem não o conhece ou não gosta dele, de longe — são olhos de menino. Ele não tem nada de intratável: apenas é um homem de princípios, corajoso e inflexível quando sustenta os princípios que julga certos. Mas com as pessoas, não. Se ele descobre que temos outras idéias mas, ao mesmo tempo, descobre que sustentamos essas idéias não por má-fé ou covardia, e sim por convicções — que podem estar erradas, mas são leais e firmes como as dele — discorda, mas respeita-nos e não nos nega a sua amizade.”
(ARIANO SUASSUNA, escritor, teatrólogo, do Conselho Federal de Cultura.)

"Expliquei-lhe que tudo em Corção é amor; poucas pessoas conheço com tanta vocação, tanto destino, para o amor. O que parece ódio, nos seus escritos, é ainda amor. Amor que assume a forma das grandes e generosas procelas. Bate forte, muitas vezes. Mas sempre por amor. Está fatalmente ao lado da pessoa e contra a antipessoa. É a luta que o apaixona. Todos os dias, lá vai ele atirar o seu dardo contra as hordas da antipessoa. Eis o que eu repeti para o meu amigo das esquerdas: - o Corção tem um coração atormentado e puro de menino. Quem o sabe ler, percebe em todos os seus escritos o pai de Rogério, sempre o pai de Rogério, querendo salvar milhões de filhos, eternamente."
(NÉLSON RODRIGUES, 0 Óbvio Ululante, 1968, pp. 164-166)

“O equilíbrio no julgamento dos problemas humanos, aquilo que os ingleses chamam de sound judgement, é um dos dotes da personalidade de Corção. Decorre do caráter quase universal de sua cultura. Cultura literária, cultura humanística, cultura matemática e física, conhecimento da técnica, capacidade de meditar, tudo isso, ajudado por esse dom precioso que se chama de 'bom senso' ou equilíbrio mental, faz com que, ao se defrontar com qualquer problema, seja ele humano, técnico, ou político, ele possa apreciá-lo por vários ângulos, sem nunca 'desgarrar' por incapacidade de compreender ou de sentir qualquer de seus aspectos. Esse é um dom muito raro.”
(EUGÊNIO GUDIN, economista, escritor e jornalista.)

LINKS:

Permanência

O Indivíduo

Blog Oito Colunas


Category:Movies
Genre: Drama
Bom diretor, mas inconstante e excêntrico, David Cronenberg nem sempre acerta a mão. Seus filmes variam entre o genial (onde figuram meus preferidos, do início de sua carreira; a saber: "Scanners", "Videodrome" e "Dead Zone" - filmes onde ainda se desenhava um frescor depois jamais redescoberto pelo autor), o comercial (mas excelente) "The Fly"/"A Mosca" e o esquisito (com destaque para suas duas obras-primas: "Naked Lunch" e "M. Butterfly".
Nos últimos anos a temática de Cronenberg - como bem assinala a narração dos extras do DVD de "Marcas..." - vem se voltando para narrativas mais humanas e intimistas. Neste sentido, "Marcas.." é um excelente filme. O roteiro enxuto e bem amarrado perde impacto, porém, ao ser levado às telas por atores sub ou mal-aproveitados (Viggo Mortensen com cara de Robocop, monotemático; William Hurt numa participação especial completamente caricata, Ed Harris no papel de ... Ed Harris - não fosse pelas cicatrizes no rosto) e por um certo exagero nas cenas de violância, que ficam a meio caminho entre o real e o fantástico... num filme que se propõe realista. A meio caminho entre o documental e o tarantinesco.
Quem arrebenta mesmo é a hiper-produtiva e pouco conhecida Maria Bello, numa atuação emocionante.


ReviewReviewReviewReviewReview"Elizabethtown" (Cameron Crowe, 2005)Apr 17, '06 3:56 PM
for everyone
Category:Movies
Genre: Cult
Cameron Crowe é um autor/diretor bissexto mas evidentemente acima da média. Seus (poucos) filmes ("Singles", "Jerry McGuire", "Almost Famous" e "Vannila Sky" principalmente) fazem parte da minha lista de preferidos da safra mais recente do cinema americano.
Em "(Tudo acontece em) Elizabethtown", o que se encontra é mais do mesmo, um cinemão essencialmente americano que não é pedante, pelo contrário. É terno, melancólico e cheio de fé na espécie humana. Tem bastante rock & roll também, como de costume - quase uma cruza de "Jerry McGuire" com "Quase Famosos". Simplesmente maravilhoso - um filme para ver e rever!!!


Category:Movies
Genre: Horror
"Dark Water"/ "Água Negra" não mereceu uma crítica decente sequer da imprensa brasileira, pelo menos do que eu li.

Isto é mais que estranho, uma vez que Walter Salles é pelo menos um dos três melhores diretores brasileiros em atividade (os outros dois são, é claro, Bianchi and Meirelles).

E o quê os três têm em comum? Todos fazem filmes marcantes, reais e políticos. OK, Meirelles agora tem uma carreira internacional pela frente como talvez nenhum outro brasileiro antes dele, após o sucesso de " O Jardineiro Fiel" / "The Constant Gardenerer". Já o "approach" de Sérgio Bianchi às mazelas nacionais talvez seja indigesto demais para a média das platéias, tanto aqui (onde o assunto deveria interessar) quanto "lá fora" (onde decididamente não interessa). Dos três, o "queridinho" da mídia sempre foi Salles.

Então, por que "Dark water" não mereceu o mínimo de respeito por parte dos jornalistas quando de seu lançamento no Brasil? Será que o desempenho apenas razoável do filme no circuito americano afetou a capacidade de julgamento de nossos críticos? Será que houve uma orquestração (in)consciente para desbancar esta NOVA empreitada internacional do diretor (sim, pois "Os Diários de Motocicleta" já era um filme internacional, sem contar que parte de "Terra Estrangeira" foi rodado em Portugal)?

Não sei. Talvez por aqui se esperasse um pouco mais da douçura de "Central do Brasil", a velha "estética da fome" nordestina que teima em surgir em "Abril Despedaçado", ou ainda o idealismo ingênuo e bem-dosado de "Os Diários de Motocicleta". Todos projetos pessoais de Salles, de alguma forma embebidos na tradição de um cinemanovismo temporão.

Walter Salles tem mais para oferecer. Quem quer que tenha assistido "Terra Estrangeira" (1994) deve ter notado todas as outras influências que este senhor bem-nascido, educado, culto e polido é capaz de aglutinar em um mesmo filme.

E é exatamente isto que "Dark Water" oferece. Uma jóia (negra?), dirigida por um sul-americano que se (re)afirma um mestre na direção de atores, montagem e edição (com a "ajudinha" luxuosa de Fábio Resende, indicado ao Oscar por "Cidade de Deus"), além de sempre entregar-nos um filme que, "como produto", nunca é tão simples quanto parece ser.

"Dark Water" é um filme com várias camadas de entendimento - um filme de horror que acontece principalmente no interior dos personagens, um jogo de suspeita e descoberta E um drama realístico sobre um casamento desfeito e seus desdobramentos.

Só não consigo mesmo entender - e aí já não se trata de gosto, mas de uma visão terrível da péssima qualidade de nossas revistas e cadernos culturais - por que quase ninguém citou, nas resenhas da época em que o filme foi lançado, as participações dos magistrais atores do elenco de apoio (John C. Reilly, Tim Roth e Pete Postlewaith) ou a música do premiadíssimo Angelo Badalamenti (de "Blue Velvet" e Twin Peaks"). Ficou parecendo que o filme do Walter era uma m*** e que o ingresso só valia pela presença da Jennifer Connely, como sempre magistral.


ReviewReviewReviewReviewRosario Tijeras (Emilio Maillé, 2005)Apr 10, '06 12:40 AM
for everyone
Category:Movies
Genre: Drama
É uma pena que seja incomum a nós brasileiros assistir um (bom) filme latino-americano, exceção feita a alguns (poucos) filmes argentinos que chegam a "nosotros".
Como já cheguei a comentar a respeito da música que se faz no continente, parece haver um certo preconceito nacional contra a esporádica mas excelente safra recente de filmes latino-americanos.
"Rosario Tijeras" é um bom exemplo disso. A excelente produção colombiana pode até ter passado nos cinemas daqui - coisa que desconheço - mas se passou, foi batido. Uma pena, a se considerar a qualidade do filme como um todo, e as excelentes interpretações de Flora Martinez e seus amigos Unax Ugalde e Manolo Cardona, a fotografia hollywoodiana e o fantástico roteiro baseado na obra de Jorge Franco.
Flora é uma deusa, uma das mulheres mais belas que a tela grande já viu. Infelizmente, Rosario - sua personagem - é uma daquelas "meninas do tráfico" que nós cariocas já conhecemos (pelo menos de ouvir falar) e sua história é um melodrama essencialmente latino, embora pudesse ser ambientado em SP ou RJ hoje em dia, e não na Medellin de 1989. Sua história é também representativa de toda uma geração - a minha - espremida entre as boates, as drogas e a dissipação, nem sempre com resultados agradáveis. Toda a loucura do "verão do amor de 1988/89" está lá, assim como detalhes que levam a protagonista da prostituição ao assassínio, sempre com uma sensualidade que não nos leva ao prazer, mas sim à empatia com uma vida e uma geração despedaçadas.

Saiba mais sobre o filme em:
Rosario Tijeras


ReviewReviewReviewReviewSongs for SilvermanMar 30, '06 6:40 PM
for everyone
Category:Music
Genre: Pop
Artist:Ben Folds
Figurinha já carimbada de um circuito meio alternativo de pop/rock com sua banda "Ben Folds Five", o camarada realmente sabe das coisas. Num Cd que alia a "alegre melancolia" do grupo a canções ganchudas de forte apelo a ouvidos e corações sensíveis, permeadas por ainda mais solos de piano que seus trabalhos anteriores, "Songs for Silverman" é um disco para se ouvir muitas e muitas vezes.
Letras espertas e melodias inesquecíveis como "Bastard", "Give Judy My Notice" e "Sentimental Guy" sugerem um passo adiante na carreira do compositor. Pena que às vezes a tentativa de mostrar-se como uma espécie de "Elton John dos anos 2000" estrague um pouco a leveza do disco com momentos grandiloqüentes demais.
Ouça duas músicas do cara em:
Just listening to (March 2006)


ReviewReviewReviewReviewReviewObrigadoMar 29, '06 10:53 PM
for everyone
Category:Music
Genre: Other
Artist:Teresa Salgueiro
Teresa Salgueiro era a voz angelical e a presença diáfana que encantou-me sobremaneira ao assistir "O Céu de Lisboa", de Win Wenders, há mais de dez anos atrás. Depois descobriria que Teresa era a figura central de uma lenda: amigos reunidos em torno de violões clássicos e outros poucos instrumentos, compositores de mão cheia parindo músicas inspiradas por sua Voz, no projeto intitulado "Os Dias da Madredeus" - um álbum acústico gravado em uma pequena igreja portuguesa, por gente que nem pretensão tinha de se tornar uma banda e acabou se tornando a maior contribuição portuguesa à música contemporânea. Teresa era a surpresa esperada, cada vez melhor, cada vez mais linda: a cada disco, a cada show. Teresa num pôr-de-sol em Icaraí, cantando emoldurada pela Baía e pelo Pão de Açúcar.
A voz de Teresa embalando alguns dos melhores momentos de minha vida, sempre presente, desde o dia em que nela entrou.
Agora Teresa-solo. Ou quase-solo, reunindo trechos de shows e participações especiais em discos alheios numa compilação inesquecível, em que sobressaem as versões de "Haja o que houver" (dos Madredeus) e "Manhã de Carnaval" (de Antônio Maria e Luiz Bonfá), ambas acompanhadas pela delicadeza de Jose Carreras. Teresa com Caetano, Zeca Baleiro, Angelo Branduardi.
Teresa nos fones de ouvido, para dormir o sono da deusa.
Obrigado!


ReviewReviewReviewReviewReviewAgoraParéMar 14, '06 2:26 PM
for everyone
Category:Music
Genre: Other
Artist:José Oliva
Sétima edição de um grande projeto chamado "Caixinha de Atitude", que mistura literatura, artes plásticas, fotografia, poesia e música, a "caixinha" com o livro-CD "AGORAPARÉ", do compositor, jornalista e publicitário paranaense José Oliva, é uma grata surpresa do começo ao fim.
A começar pela proposta de ação social. Passo a palavra a José: "Os kits que compõem cada Caixinha de Atitude são montados por pessoas atendidas em instituições sociais, em Curitiba. Elas fazem o trabalho, de forma orientada, dentro dos objetivos da instituição; são remuneradas e, por fim, recebem aula, palestra ou apresentação sobre algum assunto, arte ou ofício relacionado ao tema de cada Caixinha, realizada por especialista, que convido para essa finalidade."
A apresentação gráfica é impecável, o lirismo das letras/poesias de Oliva e a qualidade inegável de um time de ouro da música paranaense tornam este um título imprescindível para quem quer conhecer a MPB que se faz fora dos eixos tradicionais (Rio-SP-Nordeste). Já as "parcerias" de Oliva com ícones como Paulo Leminski (!) e João Cabral de Melo Neto (!!!) fazem de "Fios Brancos" e "Cocoré" momentos altos do CD. Destaque para a produção de Álvaro Ramos.


ReviewReviewReviewReviewReview"The Pink Panther" (2006)Mar 6, '06 7:07 PM
for everyone
Category:Movies
Genre: Comedy
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!

E mais não digo. Vá ao cinema rir um pouquinho (ou traga o filme até sua casa)...
Nota dez!

http://www.sonypictures.com/movies/thepinkpanther/site/


ReviewReviewReviewReviewReviewVertigo Tour - São Paulo 20.02.2006Feb 21, '06 1:33 AM
for everyone
Category:Music
Genre: Classic Rock
Artist:U2
"How long to sing this song?" ressoa ainda em meus ouvidos ao término de uma viagem exuberante aos mais de vinte anos que separam a primeira audição do primeiro disco do U2 que tive em mãos ("Under A Red Blood Sky"), cujo fechamento triunfal trazia a massa humana coesa e (contra todas as possibilidades) absurdamente afinada a entoar estes mesmos versos que encerraram o show da banda em São Paulo.

E sim, apesar de não tocar no Rio ou em outras cidades que mereceriame comportariam o gigantismo da Vertigo Tour, o U2 fez agora o espetáculo que estava devendo à massa de fãs brasileiros que os aguarda - sempre - com tanta ansiedade e expectativa.

Um show memorável, na verdade menos Vertigo Tour que Zoo TV, menos "How to Dismantle An Atomic Bomb" que verdadeira coletânea de sucessos, tantos e tão díspares que fica até difícil juntar os pedacinhos da alma e dizer o que faltou - se é que faltou. Difícil também discernir pontos altos em mais de duas horas de clássicos enfileirados: a trilha sonora de mais de uma geração, a trilha sonora da vida de todos nós, fãs ou não, apreciadores ou não. As últimas três décadas não deixaram ninguém escapar ileso ao talento de Bono, Edge, Larry e Clayton. Com sua carreira tão vasta e fértil, a banda lega-nos não somente canções em profusão, mas clássicos na acepção do termo; não somente clássicos, mas hinos.

Momentos tocantes: "ela" se movendo, anônima, "por caminhos misteriosos", nos braços de Bono. Uma "Norwegian Wood" meio trêbada e pela metade, meio sem voz e emocionada - ecos da recente amizade de Bono pelo velho Macca? E "40", sempre "40", fechando o show como há muito tempo não acontecia, como há mais de vinte anos atrás... desta feita em homenagem ao velho Karol Wojtila - "To Karol!", disse o cidadão Paul Hewson, minutos antes de pendurar um terço dourado em seu microfone e se ajoelhar em despedida e oração.

"I waited patiently for the Lord
He inclined and heard my cry
He brought me up out of the pit
Out of the miry clay

I will sing, sing a new song
I will sing, sing a new song

How long to sing this song?
How long to sing this song?
How long...how long...how long...
How long...to sing this song

He set my feet upon a rock
And made my footsteps firm
Many will see
Many will see and fear

I will sing, sing a new song
I will sing, sing a new song
I will sing, sing a new song
I will sing, sing a new song

How long to sing this song?
How long to sing this song?
How long...how long...how long..."


ReviewReviewReviewCéUFeb 18, '06 2:36 AM
for everyone
Category:Music
Genre: International
Artist:CéU
Não, CéU não é, como a versão francesa de seu disco apregoa, "o futuro da música brasileira". Seu disco é bacana, apenas bacana, trafegando por bossas menos eletrônicas que sua antecessora Bebel Gilberto, travando um pouco a língua com sua dicção no mínimo estranha, introduzindo aqui e ali momentos de pura beleza. Mas a moça tem talento. E futuro. Vale conferir.
Em show no Rj esta semana, parece que ela (já) "arrebentou", com críticas mais que positivas na imprensa local.


ReviewReviewReviewReviewReview"Waking Life" by Richard LinklaterJan 30, '06 2:23 AM
for everyone
Category:Movies
Genre: Animation
Sou absolutamente suspeito para falar de um cara como Richard Linklater, para mim um dos mais brilhantes cineastas de sua geração, um autor/diretor de filmes tão díspares, inesquecíveis e profundos como "Before Sunrise"/"Before Sunset" (ou este "Waking Life") e ao mesmo tempo capaz de produzir pérolas pop como "The School of Rock". O cara tem a manha.
Sobrevivente de primeira hora de uma leva de diretores que veio à cena no final dos anos oitenta com o "boom" do cinema alternativo americano, Linklater se diferencia de contemporâneos bem sucedidos como Kevin Smith pelo lirismo, pelo apego à filosofia e pelo modelo realista/naturalista de escrever, fotografar e dirigir.
Assisti este "Waking Life" na grande tela, no ano de seu lançamento (2001), ficando com a impressão de que era um filme para se rever muitas vezes. Não costumo ter esta sensação. Depois, esperei em vão o lançamento em DVD que não cheguei a descobrir se houve em terras brasileiras. "Thanx God!" hoje há maneiras alternativas de se formar uma filmoteca particular.
"A film for passionate thinkers", comenta alguém no IMDb. "Sure!", penso eu, deixando-me levar novamente pelas ruas e avenidas da grande cidade que parece flutuar sob os pés do protagonista que não sabe se sonha ou está num sonho dentro de um sonho. Descrito desta maneira, "Waking Life", realizado com técnicas de animação SOBRE película parece mais hermético do que é. Talvez em mãos menos hábeis. Sob a batuta de Linklater, os devaneios filosóficos variados que nos são servidos ao som de uma orquestra moderna de tango são instantâneos da vida, papos em mesa de bar ou na cama que nos conduzem a uma realidade paralela por vezes mais convincente que o próprio "real", posto em cheque constantemente e até o final emocionante.
Ouso apostar: um filme que resistirá ao tempo (como já comprovam os cinco anos que nos separam de seu lançamento), passível de leituras variadas em sua inquietude contagiante e em sua forma poética de (nos) questionar.
Agora é só esperar por "A Scanner Darkly" (2006), novo filme do diretor no formato animação, baseado em Phillip K Dick (cujas obras inspiraram "Blade Runner", "A.I." e "Minority Report", entre outros), "estrelado" por Keanu Reeves. A estréia no circuito dos festivais europeus de cinema já deu ao novo filme o status de "cult" e uma saudável ansiedade toma conta de fãs no mundo todo.

Leia mais em:
Memorable Quotes from "Waking Life" (2001)


ReviewReviewReview"O Zahir"Jan 25, '06 12:44 AM
for everyone
Category:Books
Genre: Literature & Fiction
Author:Paulo Coelho
Nunca fui o que se pode chamar de um “fã” de Paulo Coelho, apesar de admirar sua figura pública (através das poucas e brilhantes entrevistas que dele assisti) e sua trajetória ímpar nas Letras Brasileiras.
Falar de Paulo Coelho no Brasil, porém, parece (ainda) um tabu. Lê-lo, então, se você não for aquele típico leitor de “best-sellers” e/ou livros de auto-ajuda, então, pode ser considerado por muitos um pecado mortal. Que qualquer um acaba cometendo, obviamente.
Seus “maktub” estiveram lá, nos jornais, por mais tempo que podemos lembrar. Sua coluna dominical n’O Globo, idem. Você acaba sendo atraído por uma palavra ou outra, pára em uma frase e quando vê, leu tudo.
Não que eu não tenha lido seus livros. “Diário de um Mago”, “O Alquimista”, “As Valquírias”... coisas do início de carreira – se é que se pode chamar assim sua estréia estrondosamente cheia de sucesso. É claro que os li, leio de tudo. E gostei, como quem gosta de um bom filme hollywoodiano, como quem já conhece as histórias.
Afinal, de Carlos Castañeda eu fora um dia fã, lera as aventuras (?) do feiticeiro Dom Juan na saída da adolescência – e para mim, o que PC fazia em seus primeiros livros era apenas mais do mesmo: Castañeda requentado, em linguagem popular e direta, em meio a um amontoado de clichês sincretistas.
Mais tarde li “À Margem do Rio Piedra...” e entendi que a busca pelo transcendente havia pego o escritor de jeito, tinha-o feito se aproximar de tradições católicas e tal. Respeitei sua busca e vi que havia ali algo de verdade.
Depois não li mais nada.
Com o tempo, aquele papo de “guerreiros da luz” e que tais me parecia incompatível com as minhas próprias buscas. Veio o Marcelo Mirisola, com seu humor ácido e cortante, dizer em uma entrevista na TV que “quem anda de lotação todo dia não tem 'lenda pessoal’, tem mais é que...”, “pensar nessas coisas é pra desocupado”, etc, etc e eu ri, ri muito.
Esses dias andei às voltas com “O Zahir” e fiquei absolutamente surpreso. Não que o livro seja maravilhoso ou algo que o valha. É apenas mediano, na minha humilde opinião. Tem problemas na estrutura do enredo, um “plot” fraco, que não se sustenta por tantas páginas, tornando-o por vezes enfadonho. Mas parece “verdadeiro”. É irônico, nada auto-indulgente, assustador em seu mergulho aparentemente autobiográfico e não se parece em nada com os primeiros livros do cara – aqueles, que disse ali em cima ter lido.
Nele, PC ousa ir na contramão de seus “ensinamentos” para simplesmente expor, despojado de boas maneiras, seu cotidiano de celebridade, de escritor e de marido; numa trajetória que não apresenta “respostas”, somente insiste na busca. E que reflete uma profunda angústia no modo de ver a sociedade contemporânea, coisa que jamais deveria ser desconsiderada partindo de um homem que, hoje, já viajou o mundo através da literatura (em seus sentidos amplo e restrito, pessoal), é interlocutor de personalidades marcantes e - para dizer o mínimo – deve ter encontrado coisas, lugares e pessoas mais díspares que a maioria absoluta de seus compatriotas jamais sonhou encontrar.
Um sábio? Não, ele mesmo não se acha assim. Apenas uma antena: muito bem posicionada.
E como ele ousa: fala sobre dinheiro da forma mais crua possível (na melhor passagem do livro), enreda-nos numa busca que nos parece inútil por mais de 200 páginas e provê um final intrigante.
É mais do que eu poderia esperar como leitor. Como escritor que sou, leio que devo “despir-me de minha história pessoal” e aplaudo a ousadia.
Não que o livro seja maravilhoso ou algo que o valha. É apenas mediano. Mas vale.

P.S. Ah! Para aqueles que o acusam de “roubar idéias alheias”, Paulo Coelho dá, no posfácio, uma lista de referências e conceitos “emprestados. Bingo!


Category:Movies
Genre: Romance
Um das características do cinema americano das últimas duas décadas é não só a carência de novas linguagens como a supressão de estilos outrora consagrados, relegados a um segundo plano pouco desenvolvido, sob a desculpa de "vender-se" ao "consumidor" o qu ele/ela supostamente quer.
Um exemplo disto é a quase inexistência de filmes depudoradamente românticos como este "The Notebook", onde a história de amor não está, em nenhum momento, vinculada às idas e vindas (ou "switching and switching and switching the plot...", como diria o personagem de Audery Hepburn no genial "Paris When It Sizzles", de 1963) consagradas pela massificação das "comédias de situação" americanas, travestidas sobre o "novo" nome de "comédia romântica". Não. Aqui não há um casal incompatível por motivações infantis, mas desencontros possíveis e inevitáveis da vida humana. Também não há o inevitável plano-seqüência final, em que a câmera lentamente se afasta do casalzinho que se beija, selando o início de um relacionamento; mas sim o amor de um par de velhinhos (os maravilhosos James Garner e Geena Rowlands, ela mãe do diretor) que se acompanha até o fim, em contraposição ao encontro fugaz de um verão adolescente e ao reencontro difícil na idade adulta. Ou seja, amor de verdade, pessoas reais.
Dirigido com sobriedade e delicadeza por Nick Cassavetes, "The Notebook" foi um grande sucesso nos EUA e levou ao estrelato a belíssima Rachel MacAdams (nos cinemas brasileiros com "Red Eye" e "The Family Stone"), pedra angular do filme, que, com a força da natureza de seus belos olhos traz veracidade e "punch" a um filme romântico, sim, mas que não se propõe a agradar somente às mulheres.


ReviewReviewReviewReviewReviewMighty RearrangerJan 22, '06 3:25 PM
for everyone
Category:Music
Genre: Classic Rock
Artist:Robert Plant and the Strange Sensation
É extremamente agradável - e já se torna um "momento" na cena musical internacional - este retorno à criatividade de ícones tão díspares quanto inesquecíveis da música popular quanto Paul McCartney, Neil Young, Madonna, Depeche Mode; todos na luta com discos inacreditavelmente bons. A eles se soma agora o decano do hard rock setentista, Robert Plant.
Em seu novo disco (lançado no exterior em 10 de maio do ano passado), RP rasga horizontes inimagináveis com uma mistura poderosa de presente (música eletrônica, noise rock, experimentalismos sonoros) e passado (baladas folk ao violão elétrico, uivos lancinantes que só poderiam ser assinalados por sua voz potente e agora madura, reminiscências ledzepelinianas). Um disco tão poderoso que nos faz pensar que o velho mestre poderia se dar ao luxo de um setlist que contasse tão somente com as músicas novas.
Destaque para "Tin Pan Valley" (uma mistura só aparentemente esdrúxula de Portishead e Black Crowes, que remete tanto ao futuro, pela modernidade, quanto ao passado, numa espécie de "No Quarter" revisitada) e "All The Kings Horses" (uma balda folk cantabile e belíssima, à velha moda de Plant).
É. Como li em uma crítica qualquer, Robert Plant mostra que possui "um pé no século XXI, mas ao mesmo tempo, ainda sabe como pilotar um dirigível".


ReviewReviewReviewReviewCasa da CulturaJan 17, '06 6:54 PM
for everyone
Category:Other
A "Casa da Cultura" era uma livraria pequena, escondida ali na Conde de Bonfim (nº 297/A), na Tijuca, pertinho de onde eu fazia RPG. Uns tempos atrás virou sebo: nada de mais, apenas + um sebo.
Outro dia passei por lá e encontrei "pérolas", verdadeiras relíquias da literatura espalhadas por estantes onde estava escrito um enigmático "saldão". Para minha surpresa, a maioria livros novos. Perguntei ao atendente e ele me explicou: é o "saldão" das editoras, com livros que "encalharam" e são vendidos a preço de banana (R$5, R$10 em média). Meu exemplar de "Gênio", do Harold Bloom, saiu a R$20,00 ainda plastificado (quase 100 nas livrarias comuns)...
E vc? Tá esperando o q? Vai lá!!! Dá uma força pros caras e ainda pode pagar até no cartão.
(Só não dou 5 estrelas pq o estoque, como pode-se supor, é variável e anárquico)


ReviewReviewReviewReviewReviewHypnotizeJan 4, '06 10:31 AM
for everyone
Category:Music
Genre: Alternative Rock
Artist:System of a Down
Impressionante o que o SOAD pôde produzir em uma única série de sessões de estúdio - afinal, "Mesmerize" e "Hypnotize" são as duas partes do que um dia foi concebido como um álbum duplo. Certo estão os membros da banda, queem entrevistas têm dito que só não o fizeram pq ninguém aguentaria tamanha "porrada" sonora ao mesmo tempo...
Rock pesado, pop, melódico, punk e virtuoso ao mesmo tempo, "Hypnotize" é tão vigoroso e redondo quanto o antecessor. Imperdível.
Leia também:
Mezmerize


ReviewReviewAsterix - O Dia Em Que o Céu CaiuDec 31, '05 1:44 AM
for everyone
Category:Books
Genre: Comics & Graphic Novels
Author:Uderzo
Fica difícil falar mal de algo que te acompanha pela vida toda, como a eterna saga de Asterix e seus amigos pela Gália ocupada - êpa! Ocupada, não! QUASE ocupada, afinal, a aldeia dos irredutíveis gauleses continua resistindo ao tempo...
Mas realmente "Asterix - O Dia Em Que o Céu Caiu" é quase uma prova de senilidade do autor... O traço marcante continua lá, firme ( a se acreditar que o bondoso ancião ainda seja realmente o responsável pela arte, o que, afinal, ele ainda parece querer provar, assinando todas as páginas do gibi). Os personagens, característicos e imutáveis. Já as piadas... fazem companhia ao enredo, fraquinho de dar dó...
Partindo de uma idéia fixa (com trocadilho, merci beaucoup) que poderia ter rendido uma história e tanto - afinal, o maior dos temores de nossos queridos aldeões é o chamariz inequívoco do título - Monsieur Uderzo patina numa salada mista de ETs, super-heróis e clones que nem convence nem encanta. Salva-se a tirada final, uma brincadeirinha inócua sobre amnésia, mas aí já se faz tarde.
Incompreensível mesmo é a dedicatória a Walt Disney, cujas histórias podem até ter influenciado o falecido roteirista Goscinny (este sim, genial) e o persistente desenhista Uderzo, mas que não tema nadica de nada a ver com hamburguer de foie gras indigesto lançado este ano pela grife "Asterix".


ReviewReviewReviewReviewReview"Oliver Twist" (Roman Polanski, 2005)Nov 28, '05 4:06 PM
for everyone
Category:Movies
Genre: Classics
O detalhismo feérico e certeiro, a capacidade assombrosa de construir personagens críveis que são - a um só tempo - os arquétipos necessários à eternização de uma boa história, o humor ferino e a emoção descompassada de CHARLES DICKENS.
A perfeição do roteiro e da direção, a economia esperta que enxuga as centenas de páginas do romance original sem desperdiçar o sumo primal de uma história que se passa, primeira e absolutamente nas ruas, a reconstituição absolutamente verossímil de uma Londres do Século XIX encantadora e tenebrosa, o virtuosismo de não dirigir atores com mão pesada. Parece um filme de ROMAN POLANSKI? Não, e por isso mesmo é interessante (como já fora seu filme anterior, "O Pianista").
Uma interpretação magistral do já lendário Sir. Ben Kingsley - mais um tipo que sobreviverá a ele, como seus "Gandhi" e "Itzhak Stern" (de "A Lista de Schindler").
Em suma: essencial.


Nenhum comentário:

Postar um comentário